TALVEZ...(você leia e se não ler...td ok)

     Talvez tenha acordado cedo hoje pelo fato de ser domingo, estou em trabalho “on line” e minha esposa no presencial. A saúde não faz feriadão para “comemorar” os mortos, pelo contrário, funciona 24 horas para que o ser humano fique vivo, tenha condições de vida e faça bom uso da vida.

    Talvez tenha algo errado, fiquei pensando enquanto preparava o café do filhote, uma vez que vivemos numa sociedade que faz folga para homenagear a quem já morreu quando talvez isso deveria ter sido feito em vida.

    
Talvez pareça estranho o que vou colocar aqui mas como hoje tudo carece de um respaldo trago uma reflexão do filósofo coreano Byung-Chul Han que coloca que estamos vivendo numa sociedade onde “...nos transformamos em zumbis saudáveis e fitness, zumbis do desempenho e do botox...”.

     Talvez a gente desaprendeu a valorizar a vida, a valorizar em vida, a viver a vida como ela simplesmente é, sem necessidades por vezes malucas de provar aos outros que sé é feliz, que se está feliz ou que, no final das contas, se está vivo.

    Talvez seja mais fácil atribuir ao outro um erro do que apontar os seus: atribuir ao outro falhas que, na verdade, somente vemos porque são reflexo do nosso interior. Precisamos parar de destruir o castelo alheio como parte da construção do nosso castelo pois uma obra quando começa errada na fundação é prenúncio de catástrofe mais adiante.

    Talvez, para conseguirmos uma vida contemplativa precisemos treinar o ver, o olhar apreciativo e desprovido do julgamento. Já dizia Nietzsche que precisamos ser educados para pensar, falar e escrever. Pensando assim, torna-se primordial o ver que, segundo Han, seria a capacidade de criarmos o hábito de “descansar o olho”, aumentado nossa paciência e, desta forma, permitindo que o que está ao nosso redor se aproxime de nós.

    Talvez o “feriadão dos mortos” seja a oportunidade que temos não para lembrar dos mortos e sim para aprender com os ensinamentos que eles deixaram e que ainda não entendemos. Quantas vezes, passados anos da partida de alguém amado para o oriente eterno, falamos que fulano já dizia isso, fulano já fazia assim mas somente no agora, nesse momento, conseguimos entender.

    Talvez, o feriadão para descansar seja o último ensinamento de quem partiu. Use esses dias para curtir o seu cansaço, para perceber onde você está exausto que, talvez, sejam nesses pontos que você deva evoluir. Lembre das coisas boas que passaram, das menos legais tire exemplos do que não quer para você e se permita.

    Talvez, se tirarmos o pé do acelerador e os olhos do ego, conseguiremos fazer da nossa passagem por esse plano um passeio mais agradável e contemplativo pois conseguiremos não somente apreciar como agradecer a tudo que nos rodeia. Beijo no coração de vocês